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Quarta-feira, 16 de agosto de 2000

`Cronicamente Inviável' vai ao Festival de NY
Filme de Sérgio Bianchi estará na mostra que há quatro anos não tinha representantes do Brasil
MARCELO BERNARDES

Especial para o Estado

NOVA YORK - Richard Peña, diretor do Festival de Cinema de Nova York (NYFF), já confessou ter gostado de A Causa Secreta. Mas nem por isso o penúltimo longa-metragem do cineasta paranaense Sérgio Bianchi foi selecionado pela mais prestigiosa mostra cinematográfica dos Estados Unidos.

Agora, em sua 38º edição, anunciada na tarde de anteontem, o NYFF finalmente apresenta um trabalho de Bianchi. Trata-se de Cronicamente Inviável, lançado no começo de maio no Brasil e um dos 25 filmes de 15 países a participar do festival. O evento tem início no dia 22 de setembro e suas principais atrações incluem novas produções do dinamarquês Lars Von Trier, do chinês Ang Lee, e a estréia na direção do ator americano Ed Harris.

Cronicamente Inviável, que narra histórias episódicas e discute aspectos das crises social e política do Brasil, é o primeiro longa brasileiro a ser exibido no NYFF em quatro anos. O último filme a participar do festival foi Dezesseis Zero Sessenta, trabalho de estréia do publicitário paulista Vinicius Mainardi.

A obra de Bianchi também vem a ser a décima do País a integrar o evento em seus 38 anos de existência. Barravento, de Gláuber Rocha, participou da primeira edição do NYFF, em 1963. De lá para cá, foram apresentados Os Herdeiros, de Cacá Diegues (em 1970); A Noite do Espantalho, de Sérgio Ricardo (1974); A Tenda dos Milagres, de Nélson Pereira dos Santos (1977); Bye Bye Brasil, de Diegues (1980); Memórias do Cárcere, de Santos (1984); A Ópera do Malandro, de Ruy Guerra (1986); além de uma exibição especial da cópia restaurada de Terra em Transe, de Rocha, em 1991.

Outro cineasta com carreira no Brasil participa do 38º NYFF - e como ator.

É Hector Babenco. O diretor de O Beijo da Mulher Aranha desta vez integra o elenco do longa Before Night Falls, dirigido pelo artista plástico e cineasta Julian Schnabel. Depois de rodar a história homônima do pintor Basquiat, Schnabel agora embarca na biografia do novelista cubano Reinaldo Arenas (autor de Antes Que Anoiteça e O Mundo Alucinante), símbolo do movimento pelos direitos dos homossexuais em seu país natal e que se suicidou em 1990. Além de Babenco, estão no elenco do filme de Schnabel os atores Javier Bardem (como Arenas), Olivier Martinez, Johnny Depp e Sean Penn.

Début - Before Night Falls, que também vai integrar a competição oficial do Festival de Veneza, é um dos três filmes americanos presentes nesta edição do NYFF. O ator Ed Harris dirige e interpreta o artista plástico Jackson Pollock no longa Pollock (também na mostra de Veneza), seu début como cineasta em projeto acalentado por vários anos por Robert De Niro e Barbra Streisand. No papel da artista Lee Krasner, esposa de Pollock (e sonhado por Barbra), está a atriz Marcia Gay Harden. O outro filme da escassa seleção americana é o independente George Washington, USA, de David Gordon Green, já visto em Berlim.

De Veneza o NYFF também aproveita dois médias-metragens da série Beckett on Film, projeto de uma produtora irlandesa que está adaptando 19 peças do autor de Esperando Godot e entregues a cineastas como David Mamet, Anthony Minghella e Patricia Rozema. Os filmes "beckettianos" participantes do NYFF são Eu Não (Not I), dirigido pelo inglês Neil Jordan e com a participação da atriz americana Julianne Moore, e A Última Gravação de Krapp (Krapp's Last Tape), que ficou a cargo do cineasta canadense Atom Egoyan. Recentemente, o ator Antônio Petrin encenou esse monólogo de Beckett em São Paulo.

A abertura do 38º Festival de Nova York ficou para o filme dinamarquês Dancer in the Dark. Dirigido por Lars Von Trier e estrelado por Catherine Deneuve e pela cantora islandesa Björk, esse musical-dramático venceu a Palma de Ouro no último Festival de Cannes, além de um prêmio de interpretação para Björk, em sua estréia como atriz. Outros filmes europeus presentes no NYFF são o inglês The House of Mirth, dirigido por Terrence Davis e baseado no romance A Casa da Felicidade, da escritora Edith Wharton (o filme é estrelado pela atriz da série de TV Arquivo X, Gillian Anderson); e o último trabalho de Liv Ullman como diretora, o longa sueco Faithless, com roteiro de Ingmar Bergman.

Já os franceses são Les Glaneurs et la Glaneuse, de Agnès Varda, rodado em vídeo digital; Comédie de l'Innocence, de Raoul Ruiz; Le Goût des Autres, de Agnès Jaoui; e as co-produções com a África do Sul Boesman and Lena, de John Berry, estrelada por Danny Glover e Angela Bassett, e com Israel, Kippur, de Amos Gitai.

Invasão asiática - Mas a maior representação no Festival de Nova York ficou por conta dos filmes asiáticos. Ang Lee encerra o evento no dia 9 de outubro com seu primeiro filme falado em chinês em seis anos:

Crouching Tiger, Hidden Dragon, estrelado pelos atores Chow Yun-Fat e Michelle Yeoh, algo como o Tarcísio Meira e a Regina Duarte de Hong Kong. In the Mood for Love é o último trabalho do cineasta de Hong Kong, Wong Kar-Wai (um dos preferidos de Quentin Tarantino). E Nagisa Oshima chega com Gohatto.

Outros filmes asiáticos são Yi Yi, de Edward Yang (Taiwan); Platform, de Jia Zhangke (China/Japão), Eureka, de Shinji Aoyama; Chunhyang, de Im Kwon Taek (Coréia do Sul); e Brother, o primeiro filme americano de Takeshi Kitano (de Hana-Bi - Fogos de Artifício).

Ainda na seleção do NYFF estão os representantes do Irã - Circle, de Jafar Panahi, e Smell of Camphor, Fragance of Jasmine, de Bahman Farmanara - e o segundo latino-americano: Amores Perros, do mexicano Alejandro Gonzalez Inarritu.

A 38ª edição do Festival de Nova York também apresenta algumas atrações especiais como Body and Soul, rara produção negra do cinema mudo, rodada pelo americano Oscar Micheaux em 1925. Wynton Marsalis e sua big band acompanham a exibição do filme executando a nova trilha desenvolvida pelo maestro Wycliffe Gordon. Há também uma retrospectiva de filmes com as divas italianas do cinema mudo e a volta da cópia restaurada de Sete Homens sem Destino (Seven Men from Now), de 1956, considerado um dos melhores filmes do cineasta Budd Boetticher, indicado para o Oscar de diretor quatro anos antes por Paixão de Toureiro.






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